Boto Cinza

Boto Cinza

Família:
Delphinidae

Nome específico:
Sotalia fluviatilis (Gervais, 1853)

Nome comum:
boto-cinza, boto, boto-de-manjuva, tucuxi (Amazônia)

Distribuição:
Existem dois ecotipos para essa espécie : o marinho e o fluvial. A forma marinha do boto-cinza ocorre em regiões tropicais e subtropicais costeiras da América do Sul e Central comprovadamente desde a Nicarágua até Santa Catarina, apresentando, possivelmente, uma distribuição contínua. Costuma ocorrer em baías e desembocaduras de rios, em águas turvas. É a espécie típica da Baía Norte (SC), Baía de Guaratuba (PR), Baía da Guanabara (RJ) e Baía de Todos os Santos (BA). A forma fluvial é endêmica ocorrendo nas bacias dos rios Amazonas e Orinoco.

Peso, medidas e características:
O comprimento médio é de 1,7m e o máximo de 2,2m. Trata-se de um dos menores cetáceos. O peso médio é de 60 Kg. O corpo é pequeno. O rosto (“bico”) apresenta tamanho moderado. Vários tons de cinza, em geral, com o dorso mais escuro e barriga clara (branca, rosada ou amarelada). A nadadeira dorsal é triangular, de tamanho moderado e situada próximo ao centro do dorso. As nadadeiras peitorais são ligeiramente pontudas, de contorno suave. Possui de 52 a 72 pares de dentes pequenos e pouco afiados.

Como nascem e quanto vivem:
Ambos os sexos atingem maturidade sexual com cerca de 1,40m. A gestação dura cerca de 11 meses. Os filhotes nascem medindo de 0,8m a 1,0m. Nas avistagens, é muito comum observar a presença de filhotes nos grupos.

Comportamento e hábitos:
Em geral, forma pequenos grupos de 2 a 7 animais embora grandes agregações (150-450 indivíduos) já tenham sido registradas. Tímido e arredio, evita aproximação de embarcações e nada devagar. Não costuma mostrar mais do que o dorso ao se deslocar. Raramente exibe comportamentos aéreos. No entanto, pode surpreender com saltos e surf nas ondas do mar. Os mergulhos são geralmente curtos (30 segundos) e raramente ficam submergidos por mais de 1 minuto Trata-se de um nadador ativo. Nadam em grupos coesos, o que sugere estreitos vínculos sociais. Desde novembro de 1997, um boto-cinza solitário e sociável tem sido observado em São Vicente, São Paulo. Esse animal, com cerca de 1,6m, aproxima-se com frequência das embarcações de pesca e permite que as pessoas nadem nas suas proximidades. Outro caso muito curioso, é o de um pequeno cachorro que interage com grupos de botos-cinza no Parque Estadual da Ilha do Cardoso, litoral sul de São Paulo, desde 1997. Os botos demonstram claramente aceitar a presença do cachorro dentro da água, inclusive tocando-o e suspendendo-o acima da superfície. As vocalizações dessa espécie incluem estalos e assobios.

Alimentação:
Peixes, lulas e crustáceos.

Identificação Individual:
É feita através de marcas e cicatrizes no bordo posterior da nadadeira dorsal. As marcas e cicatrizes ao longo do corpo que os animais adquirem ao longo de suas vidas podem ajudar, como complemento, a identificar distintos indivíduos.

Inimigos Naturais:
Provavelmente os grandes tubarões (Família Carcharhinidae).

Ameaças:
Por apresentar hábitos costeiros, o boto-cinza sofre forte pressão antrópica como por exemplo a poluição dos mares por metais pesados, efluentes industriais e agrotóxicos, desmatamentos, exploração dos mangues e estuários, o aumento do tráfego de embarcações, o desenvolvimento urbano e a captura acidental em redes de pesca em toda a sua área de ocorrência. Quando ocorrem essas capturas, a carne pode ser utilizada em pequena escala para o consumo e a gordura como isca para a captura de elasmobrânquios em espinhéis. A magnitude e o impacto dessas capturas ainda permanecem desconhecidos. Ainda que tenha sido criada a Área de Proteção Ambiental de Anhatomirim (Decreto 528, de 20/5/92), o turismo desordenado para observação dos botos-cinza na Baía Norte, também constitui uma ameaça para a população local. Em Pipa, Rio Grande do Norte, outra localidade utilizada como área de observação de botos-cinza, o turismo poderá vir a causar molestamentos e distúrbios. Desde 1996, um boto-cinza aceita alimentar-se de tainhas na mão de um pescador na região de Cananéia, São Paulo. Em anos recentes tem sido relativamente comuns casos de pessoas alimentando golfinhos selvagens em várias localidades do mundo. Essas atitudes podem ocasionar problemas tais como : mudanças no comportamento natural como na busca de alimentos e quebra de laços sociais; o que pode prejudicar a futura sobrevivência dos animais, perda de cautela e prudência em relação aos humanos – o que coloca os animais em risco, ingestão de alimentos não apropriados ou contaminados e incremento no número de injúrias causadas a humanos.

Status:
Encontra-se listado na categoria Dados Deficientes (IUCN, 1996), na Lista Oficial das Espécies da Fauna Brasileira Presumivelmente Ameaçada de Extinção (IBAMA,1989) e no Apêndice I da CITES (Convention on International Trade in Endangered Species of Wild Fauna and Flora).

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