Golfinho Fliper
Família:
Delphinidae
Nome específico:
Tursiops truncatus ( Montagu, 1821)
Nome comum:
golfinho-flíper, boto, golfinho-nariz-de-garrafa, toninha, bottlenose dolphin
Distribuição:
Águas tropicais, subtropicais e temperadas de todos os oceanos. Pode ser encontrado tanto em águas costeiras como em oceânicas bem como em “mares fechados” como o Mar Negro, Mar Vermelho e Mediterrâneo. Também pode ocorrer em estuários, lagoas e canais, e ocasionalmente penetra em rios. No Brasil, ocorre desde o rio grande do Sul até a costa nordeste. Populações oceânicas podem realizar migrações sazonais enquanto as costeiras geralmente, são oceânicas.
Peso, medidas e características:
O golfinho-flíper varia muito em tamanho, forma e cor de um indivíduo para o outro e de acordo com a região geográfica em que vive. No entanto, existem duas variedades principais: uma forma costeira e de menor tamanho e uma forma oceânica mais robusta e de maior tamanho. Os machos e fêmeas tem o comprimento máximo de 3,8 e 3,6m, respectivamente. O peso máximo já registrado é de 640 Kg. Corpo robusto. A coloração varia bastante entre as diferentes populações. O dorso em geral varia entre cinza-claro e cinza-escuro, e vai clareando nas laterais em direção à barriga, que é clara (branca ou rosada). Pode apresentar manto dorsal definido por coloração mais escura, e algumas vezes o manto é interrompido, abaixo da nadadeira dorsal, por uma entrada mais clara. É comum haver pintas e manchas pelo corpo. A região ao redor dos olhos é mais escura. Os adultos costumam ser muito arranhados. A nadadeira dorsal é alta e falcada, com base larga. As nadadeiras peitorais são pontudas e de tamanho moderado. O bico é curto, largo e bem separado da cabeça. Apresenta de 40 a 56 pares de dentes grossos e pouco afiados.
Como nascem e quanto vivem:
A maturidade sexual é atingida com pelo menos 2,3m: fêmeas entre cinco e 12 anos, e machos entre nove e 13 anos. A gestação dura cerca de um ano. Os filhotes nascem medindo entre 0,8 e 1,2m e pesando cerca de 10 Kg. A amamentação dura aproximadamente um ano, mas o filhote pode começar a ingerir alimentos sólidos antes dos seis meses. Existem fortes vínculos emocionais e sociais entre os golfinhos-flíper, especialmente entre mães e filhotes. O intervalo médio entre as crias é de dois anos. Pode viver pelo menos, 35 anos.
Comportamento e hábitos:
Grupos dos mais variados tamanhos, desde pares até centenas de indivíduos. Raras vezes são vistos animais solitários embora existam registros de golfinhos-flíper solitários (geralmente machos) e sociáveis em várias partes do mundo que permanecem na mesma área por períodos de meses até anos interagindo com humanos. No Brasil, ocorreu um caso destes em agosto de 1994 em Caraguatatuba, São Paulo. O golfinho-flíper, com cerca de 2,5m, recebeu o nome de “Tião”. Infelizmente, devido a ignorância dos banhistas que o molestavam frequentemente, em dezembro “Tião acabou matando um banhista tornando-se um caso único no mundo …. Pode formar grupos mistos com várias espécies de cetáceos tanto quanto tubarões e tartarugas. É inteligente, ativo e acrobata. Salta, bate as nadadeiras peitorais na superfície da água e gosta de acompanhar embarcações. Em algumas localidades, já foram observados “surfando” nas ondas. As vocalizações incluem uma grande variedade de estalos e assobios. Cada indivíduo tem seu assobio característico, reconhecido como sua “assinatura” dentro do grupo. Já foram registrados diversos comportamentos e táticas de pesca entre esses golfinhos. Durante as pescarias os grupos podem oferecer assistência mútua e, inclusive, cooperar com as pescarias locais. Em alguns locais do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, ocorre regularmente a pesca cooperativa entre os golfinhos-flíper e pescadores de tainha (Mugil spp.). Os pescadores inclusive, conhecem cada golfinho através de marcas pelo corpo e forma da nadadeira dorsal. A maioria deles tem nomes dados pelos pescadores. Outro local onde esta interação ocorre é na Mauritânia.
Alimentação:
Peixes, lulas, polvos e crustáceos.
Identificação Individual:
É feita através de marcas e cicatrizes no bordo posterior da nadadeira dorsal. As marcas e cicatrizes ao longo do corpo que os animais adquirem ao longo de suas vidas podem ajudar, como complemento, a identificar distintos indivíduos.
Cativeiro:
Foi com o golfinho-flíper que se iniciaram as pesquisas com cetáceos em cativeiro, em 1914. Desde então ele se transformou em objeto de inúmeros estudos sobre comportamento e fisiologia, que fizeram com que o conhecimento sobre os cetáceos fosse ampliado. É um dos cetáceos que melhor se adaptam em cativeiro. São exibidos em oceanários em várias partes do mundo e são inclusive utilizados em programas militares e de terapias. Um seriado de TV que tinha um Tursiops chamado de “Flipper” como personagem principal, tornou esta espécie de golfinho famosa em todo o mundo, e inclusive deu origem ao nome comum hoje adotado no Brasil. No cativeiro, o golfinho-flíper pode cruzar com outras espécies e produzir filhotes híbridos. As espécies envolvidas foram o golfinho-de-dentes-rugosos (Steno bredanensis), a baleia-piloto (Globicephala spp.), a falsa-orca (Pseudorca crassidens) e o golfinho-de-risso (Grampus griseus). Das duas últimas espécies, também existem filhotes híbridos que já foram descobertos na natureza.
Inimigos Naturais:
As orcas (Orcinus orca) e os grandes tubarões (Família Carcharhinidae)
Ameaças:
Capturas acidentais e intencionais em redes de pesca, degradação de seus habitats, poluição química e sonora dos oceanos constituem as principais ameaças para a espécie.
Status:
Encontra-se citado na categoria Dados Deficientes (IUCN, 1996).